10
Set

CONVERSANDO

Acordo cedinho.
Gosto sempre de conversar com as plantas e os gatos. A minha Avó Celeste foi quem me deixou este hábito de conversar com o que vive.
Afinal, se não conversamos com o que vive, como podemos escutar e acolher a Vida?
Hoje acordei com dor de cabeça. Os dias em Sintra têm uma densidade particular quando chove há mais de 20 consecutivos.
Fiz chá de abeto e organizei as micro doses medicinais para o dia de hoje, da esquerda para a direita : cidra de fogo; infusão de abeto e canela em mel; elixir de árvores coníferas, bagas de zimbro, sabugueiro e lavandas; oxymel de cardo mariano.
Porquê micro doses? Porque menos é mais. Quando começamos da dosagem menor podemos sentir conscientemente ao diálogo entre as plantas e o corpo físico e emocional, dando espaço à regeneração enquanto construção da saúde e com tempo avaliar as nossas verdadeiras necessidades e resultados. Dando espaço aos processos do corpo, apoiando sem suprimir o seu desenrolar orgânico.
Para os nossos ancestrais, estes preparados eram literacia para a saúde e por isso resiliência.
Reconhecer, cultivar e saber como preparar e preservar plantas deveria, obviamente, ser parte da verdadeira cultura, aquela que se quer viva.
A minha Avó não lia nem escrevia, tal como as suas ancestrais. Eram pessoas simples, sim, mas longe de deseducadas.
Valorizo este saber humano e ecológico acima de qualquer outro. Que nos possamos lembrar de que o saber serve para viver com saúde e respeito, em reciprocidade constante, dentro de nós e em todas as relações vivas humanas, orgânicas, espirituais, visíveis e invisíveis que premeiam e tecem a nossa presença.