
MULHER
É Terra Viva
Vulva
Indomável
É voz
Segredo
Feitiço
Potência
Sonho
Fecundo
Que pariu o mundo
Abraço amoroso que não se nega à Morte
Por todas as que não têm voz, por todas as que gritam.
Às Santas, às Putas puras, às amantes, às esposas, às filhas da mãe, às mães com ou sem filhos vivos, às avós, às Bruxas que curam, às cabras que não vão por onde lhes dizem porque criam caminho próprio, às vacas que são grandiosas e generosas, às porcas Selvagens que protegem os filhos com dignidade e rigor, às cadelas fiéis e atenciosas que não negam cuidado, às lobas de mil seios fazendo caminho entre a solidão regenerativa e a tribo família a quem são essenciais, às víboras pelo seu veneno que purga e é antídoto da submissão.
Às que ergueram direitos para que eu hoje possa escrever estas palavras no livre sentir e pensar.
A ti, avó Celeste, mãe solteira, sem saber o alfabeto criaste um negócio próspero, só teu, onde nunca faltou generosidade para dar a quem precisava fosse ou não família.
És a primeira feminista que conheci, a que tomou insultos e abusos como adubo e foi a erva daninha persistente e bravia, singrando do solo mais árido e deixando um trilho de potente Fertilidade.
A todas as vulvas portal do nascimento, o parir é nosso e ninguém aqui chega sem esta travessia.
Seja honrada a presença feminina, tão delicada como incrivelmente forte.
Cuidadoras do Sagrado Solo Selvagem que é o ventre da Semente, dos lugares onde a vida perservera e deve continuar, das árvores, plantas, pedras, animais, águas, crianças, velhos e todos os demais.
Senhoras do colo, do caldo, da enxada e da prece reerguendo a vida em honra do que esmorece.
Imagem de @mize_jacinto, a Infinita
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