04
Jun

O PÓ DA FOICE

Nascem-me das Entranhas
Vontades
Fortes e estranhas:
Sangrar livremente
Ser a Semente
De próprio Sonho
Num chão sem dono.

Eu sei que me vês,
Eu que te vejo;
Maior do que me sei
Mais ampla do que me desejo.

Que me descarnas a polpa da pele
Retornando-me ao infinito potencial:
do recomeço, início
A cada vez.

A pura semente despida
do fruto que foi
Quebrando, Geminando

Sou o pó da tua foice!
E sei:
Que o que de mim cortas
É a poda necessária ao crescimento
da colheita.

Amadurece-me e transforma-me;
Não posso senão pertencer-te:
Mãe Floresta Verde Nascente
Pai Verde Carvalho Veado
Mãe de todas as Fontes
Menino, Homem, Mago

Mexe-me no teu caldo
Cozendo, evaporando, apurando

Entorna-me depois
Sobre o teu Sagrado chão
Seja eu Água que a tudo nutre por onde passa