10
Set

POEMA VIVO

Aqui onde estou
Sou eu e a Floresta Infinita
Que se continua
desigual e múltipla
Interminável
Dentro e fora da Água
Aqui onde estou
Sou eu e os soberanos
Tecelões do chão
Que criam toda a vida
E alquimizam a morte em renascer
Se tenho medo?
Pois sim.
Se tenho reverência?
Maior que tamanha, clara.
Às vezes sinto
Que vim para resgatar
A liberdade dos rios
Sonho derrubar barragens
Desoprimir as estradas
Devolver à Terra
O seu negro belo puro sangue
Beijar-lhe cada ferida
Não sei como
Não sei
Não há paredes nesta casa
Não há
Sinto-lhes o que as atravessa
A estrutura abraça a dissolução
Regressar à Pedra
Ao silêncio
Ao vento nu
Ao conhecer o rosto
De cada planta
E ouvir-lhe a voz
Tanta civilização
E aqui estamos
Esquecidos
Isolados
Perdidos
Tão sós
Viemos tecer
O Bosque
Ser seu chão
Re-membrar
Sim, há aqui luto
Mas também é o canto
da carpideira
Que abençoa o renascimento
Da Alma
Enquanto atravessa para a outra margem do rio
… Quem mais aqui sente o chamado?