Com Iris Lican e Baltazar Molina
2020- 2021: 4 a 6 Dezembro e 8 a 10 Janeiro
Local: Serra de Sintra, natureza e Senhora d’Azenha (Calçada da Penalva nº20 São Pedro de Sintra)
Com Iris Lican e Baltazar Molina
2020- 2021: 4 a 6 Dezembro e 8 a 10 Janeiro
Local: Serra de Sintra, natureza e Senhora d’Azenha (Calçada da Penalva nº20 São Pedro de Sintra)
A partir da prática de escuta sensível, atenção plena e presença exploramos a linguagem orgânica do corpo, da voz e do som. Sentindo e celebrando Corpo e Espírito como uma unidade multifacetada, viajamos por paisagens entre Terra e Alma, de cada um e do círculo de prática.
Cada sessão é uma experiência única e irrepetível, com música e dança ao vivo, criadas em tempo real.
Inspiramo-nos nas tradições nómadas do Sahara e Norte de África : dança, música e ritual; bem como no seu legado na cultura tradicional portuguesa e na individualidade de cada um de nós, enquanto descendentes e herdeiros sensíveis, recriadores e inovadores desta tecelagem tão rica.
Esta é uma jornada de uma semana, que constitui o terceiro de três módulos da formação de Danças de Transe Terapêutico. Tem como pré-requisito a participação nos dois módulos anteriores ou experiência prolongada de dança.
Exploraremos movimento eco-somático, danças de transe e rituais ancestrais, na Natureza selvagem como no espaço do círculo.
Permite aquilo que É: escuta, observa, age, silencia.
Deixa que a Alma e a Terra reconheçam e celebrem a sua Unidade.
«Sou uma Beduína Nómada.
Sou antiquíssima. Continuo a percorrer os desertos.
Sou uma Filha do Deserto e já vos disse centenas de vezes e vocês teimam em não me ouvir. Fui criada por entre ventanias de areias; clarões de luzes; sol a queimar a pele.
Comi pasto não sendo vaca e nem boi, muito menos cabra. A vida sedentária não me fascina. Sou um espírito livre que navega pelos desertos, cuja alma se prende à intemporalidade dos dias e das noites. Tenho o privilégio de ser visitada pelas estrelas, de ser chamada à realidade adormecida. Doloroso é o despertar das trevas, e esperto, tem sido o (D)iabo que vive nas unhas dos meus pés, e há dias descobri que até faz cama nas minhas pestanas!!
Ele precisa de controlar o que os meus olhos, tão cheios de deserto, andam a ver. Não vos pertenço, oh (i)indivíduos medíocres! – digo-o muitas vezes num assombro de descontentamento. Fiz-me sozinha, nas longas e árduas caminhadas pelas areias do deserto. O Oriente Médio pertence-me ao coração, dele me fiz e nele morri.
Não me faço na religião, porque a minha religião é e pertence ao deserto. Sou uma solitária do caminho que não apela à vulgaridade e ao parecer. Fiz-me com o sangue das Serpentes; arranquei-me a mim mesma com as mandíbulas de Pantera; esperei como a Hiena pelos meus demónios e tive a coragem de ser Águia, apenas, para poder ver-me como um Deus de mim mesma (ainda que me tenham cortado meia asa).
Eu sou a Beduína. Nómada, sim.
Se preferirem, podem chamar-me de Flor do Deserto, apenas para vos temperar o amargo da boca. »
Não Sou Eu é a Outra em ”A Beduína” de Maria Bethânia